terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Sem se preocupar

Foto: Raul Garré 


Faz algum tempo
Na verdade eu nem me lembro
E talvez não importe o quanto
Pois prefiro nem pensar

[pensando

Vale mesmo é saber
Que diante de tantas possibilidades
Mundos, gentes e cidades
Viemos a nos encontrar

[sorte ou destino?

O que virá
Só mesmo o tempo poderá dizer
Bom mesmo é viver
Sem se preocupar

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Retina




Depois dos sonhos
Que atravessaram a noite
Cobrindo o céu de horizontes
Ainda espero por um beijo teu

Sentimentos guardados
Aguardando a sua vez de sair
E enfrentar o tempo
Tão subjetivo quanto essa paixão

Depois que a lente da minha retina
Fotografou o futuro próximo
Com a luz dos teus olhos
Eu sorri e fui feliz

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

E depois...




Olhos fechados
O silêncio veste-se de céu
E já não há mais escolhas
Entre nós dois

Depois de chegar ao cume
Escalando o teu corpo em queda livre
Sucumbindo sorrindo e pleno
Encontrando o fim no começo de tudo

A gravidade veio trazer a inércia
O êxtase da emoção contínua
Tuas pernas atreladas as minhas
O beijo e a reflexão

Meu verso

foto: Raul Garré

Meu verso tem aura
Cores fotografadas na porta de entrada
Pela tua retina
Que disfarça tão bem o querer
E mais nada

Meu verso tem sede
Loucuras penduradas pela parede
E deita na rede do alpendre
Quando quer sonhar só por sonhar
Contigo

Meu verso sabe o que digo
Mesmo quando não o faço
Tem desejos embutidos
Sonhos tão antigos
E um pouco de amor e dor

Aos pedaços

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Lugar comum

foto: Daniel Moreira


Procuro um lugar comum
Que fica um pouco ao sul
Do que penso e do que me percorre
Procuro o vento que move
O teu cabelo
E leva pra longe o teu olhar de virada
Evidenciando a natureza gritante
No meio dessa selva de pedra quebrada

Procuro não mais me encontrar
Quero viver perdido
Confuso
Sem a certeza de estar

Procuro um lugar comum

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Crua

foto: Raul Garré

O céu é de novo o limite
A esquina ganhou vida
Janelas abertas, flores coloridas
Respiração colada na tua
Ainda é cedo
Mas posso ver a lua
Nessa dança sob você nua
Sussurrando loucuras contidas
Eternizando velhas frases perdidas
Transformadas em poesia
Antes que o final do dia
Traga de novo a realidade vestida e crua

domingo, 15 de janeiro de 2012

Paisagem mutante




Somos feitos de carne e osso
Sonhos, alma e sentimento
Sedentos por lembrar um tempo
A memória viva dentro de nós

A carne queima
Vendo o teu encontro com o vento
Teu corpo dança enquanto o vestido balança
E minha alma alcança tão fácil o levitar

Esse sentimento mutante
Que transforma a paisagem
E muda a todo instante as perspectivas improváveis
Confirma a nossa existência
  
E nos faz sonhar!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Café passado



Um pouco de café
Com água fria pra dosar
Acelerando os batimentos
Enquanto alguns sentimentos
Começam lentamente a derramar

Café instantâneo
A instantaneidade desse amor
Eternizado num momento perdido
Onde o tempo fora subtraído
E as conseqüências jogadas no liquidificador

Mais uma manhã e um café
O agora dá o ar da graça
O pensamento viaja léguas
Sem pensar em dar trégua
E você vê e passa  

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Outro plano




Eu conto passos
Rumo ao precipício da contemplação
Se os adjetivos são escassos
O que dizer do coração

Eu conto histórias em versos
Escrevo o universo em questão
Dou vida aos objetos com que converso
Mergulhado no mar da introspecção

Eu tenho o passo firme e forte
Não temo verdades inventadas
E se acaso encontrar a morte
Continuarei noutro plano a minha caminhada

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Perfeição

foto: Daniel Moreira

Tão longe
Teus segredos estão guardados
O apartamento solitário
Quando voltas
Quando vens

Tão tarde
Pensamentos me invadem
A lua falou de ti as estrelas
Ainda assim
Ainda espero

Tão simples
Escrever essa distância
Entender que a tua ausência
Fez de mim oceano
Fez de ti perfeição

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Universo cultural

http://laviejatelitamulticultural.blogspot.com/

Desço pelo fio que o horizonte
Tece enquanto a banda oriental
Esquece de dizer que o tempo
Agora sou eu

Paisagens que jamais sumirão
Da retina fotográfica
Esquinas são encruzilhadas
Mágicas como o espaço cultural La Vieja Telita

Sons que ainda se propagam
Nascendo de objetos metálicos
No correr das cordas finas
No artesanato farto, raro de Gabriel

E o que dizer do céu
Do mar que lhe cai tão bem
Tanta coisa bela no caminho de Montevideo
E essa liberdade que me faz refém

domingo, 1 de janeiro de 2012

Olhos de distância



Enquanto a saudade
Arrumar um jeito
De me trazer teu rosto
Teu cheiro e teu gosto
Estarão comigo ao amanhecer

As fotos não sabem dos fatos
E sorriem por serem simulacros
De uma realidade
Que não canso de reinventar

Enquanto a ausência
Encher meus olhos de distância
Teu sorriso de extrema relevância
Tomará várias formas
Até a lua crescente
Finalmente nos encontrar