quinta-feira, 20 de maio de 2010

Alma Lavada

Uma noite feita de poesia,
A lua e as estrelas deram lugar às nuvens cinzas.
Esperança molhada, esquinas alagadas,
Alma lavada...

As prateleiras atentas à espera,
Arquitetura centenária, belo palco.

O mago das águas chegou sob chuva,
E espalhou seu encanto com voz e violão.
Parecia que o mundo era um poema,
E que todos os autores daquele acervo emanavam energia.

Então aquelas palavras, aqueles versos,
Escondidos atrás de vozes trêmulas de emoção.
Contemplaram olhares atentos, ouvidos cheios de sensibilidade,
Poesia recitada sob aplausos no salão.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Invento

foto: Alberto Blank

Quem inventou o tempo,
Esqueceu-se das horas,
Pois o relógio é tão frio,
Quanto os sonhos congelados no lixo.

Quem inventou o beijo,
Esqueceu de avisar,
Que amores não são eternos,
E que os romances foram feitos para acabar.

Quem inventou a saudade,
Nunca, nunca gostou de ninguém.
Pois no inferno até o frio arde,
E toma a alma de refém.

Quem inventou a poesia,
Era por certo, um encantador.
Mago das palavras que flutuam,
Terapeuta dos corações que sentem dor.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Realidade Capital

foto: Raul Garré

Naufrago em pensamentos profundos,
Ilhado numa ilha de reflexão.
De longe é mais fácil, é mais nítida a impressão,
Afastado desse mundo de possibilidades facilmente substituídas.

Os sonhos me acompanham de longe,
São tão irresponsáveis quanto eu.
Instigam minha impaciência mortífera,
Fazem os dias sobreviverem em mim.

A libido tem prazo de validade,
Os anseios, as vontades tornaram-se artificiais.
O desejo é comprado em bancas de jornais,
Enquanto a natureza doente agüenta firme e forte o desprezo.

Os planos foram abandonados no lixo,
Junto com toda a teoria infundada,
De princípios e valores capitalistas,
Desejos e poesias mal amadas.

É triste tentar entender tudo isso,
O pior é aceitar que muitos jamais questionarão.
Acreditam que o mundo é seu aparelho de televisão,
E continuarão sua caminhada como formigas em fila indiana.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Sinto e Muito

(foto - Raul Garré)

Sinto sua suavidade no ar,
Seu cheiro de flor, por aí, passeando.
Seus lábios molhados querendo me encontrar,
Sinto você me respirando.


Sinto o que não sentira antes,
Sobre a cama das ilusões.
Suspirando sonhos distantes,
Sinto diferentes sensações.


Sinto a sua luz me iluminar,
Sonho bom que não tem fim,
Sob a mira do teu olhar.
Sinto tua alma em mim.