quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Uma porta e uma janela



Quem me dera
Ter uma porta e uma janela
Totalmente à minha disposição
Longe dos barulhos do mundo
E dos murmúrios moribundos
Que vivem a rodear o meu apartamento
Feito assombração

Quem me dera
Ver da janela apenas o horizonte
Com cores verdes predominantes
E os únicos alto falantes
Fossem os pássaros a festejar o amor
Regendo
O sabor da vida no interior

Quem me dera
Ver a porta sempre aberta
Ter o que importa na medida certa
E esquecer o relógio
Antes de correr
Pela pressa que não é minha
Não é tua e nem de ninguém

Quem me dera
Que a vida não passe tão depressa
E que todos
Possam encontrar o equilíbrio
Na balança que regula
As cadeias do sistema
No planeta terra

Ah, quem me dera!

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Por certo

Foto: Camila Hein

Gostaria de saber
Quem instituiu o certo e o errado
Pois insistir no “erro”
É minha especialidade
Gostaria de entender também
A motivação dos que apontam
Com o dedo em riste
Os momentos falhos que consistem
Na construção de uma personalidade
Pois a minha vontade
É de chutar o balde
E repudiar essa fraude
Que é a sociedade capitalista

E se houver amor de verdade
Nos encontros e desencontros que virão
Eu não sei se já estarei pronto 
Pois não considero errado o certo
Mas em vão.

Se

Foto: Alexandre Neutzling

Se nos fosse dada a chance
De viver
Sem se preocupar
De dividir o amor
Sabendo no que vai dar
E de ganhar aquele beijo tão difícil
E esquecer
Se ao menos nos fosse dado o direito
De amar
Só quem fosse digno de merecer
E que esse alguém
Trouxesse-nos o prazer
Sem questionar
Se pudéssemos fazer com nossas vidas
O que bem entendêssemos
Ou não fazer nada se não quiséssemos
Também
Se tivéssemos o livre arbítrio
A liberdade talvez não fosse uma caricatura
Pobre e fugaz.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Livros urgentes



Urgente
Precisa-se de livros
Para acordar as gentes
Para que voltem à vida
E interrompam o processo crescente
De falta de conhecimento e cultura

É urgente, meus senhores
Precisa-se de leitores
E de devoradores de boa literatura
Não aqueles acadêmicos
Sem jogo de cintura
Precisamos de jovens manipulando livros

É urgente todo dia
Esqueçam a autoajuda
E mergulhem na poesia
Sem anestesia geral
Basta estar apto a utilizar
A sua própria imaginação.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A ditadura da comunicação



Abra a janela
Escute o silêncio que vem das mazelas
A sociedade alienada
Encontra-se ludibriada
E chega a preterir a arte de verdade
Por um último capítulo de uma novela
Global

Globalização
Palavra entalada
A vida imita o filme
Brasileiros assistem televisão em barracos de lata
Sonhando em ganhar dinheiro e fama
Como os seus heróis globais e hollywoodianos
Como se esse fosse o remédio do mundo
E idolatram a dança dos famosos
Como fãs assíduos
Bando de tolos

Pois quem diria
A rainha da sucata
Anda fazendo churrasco de índio no Mato Grosso
E ninguém dá importância
Por que isso é problema do agronegócio
Ou daquele sócio estrangeiro
Investidor

Abra os olhos
Não dê ouvidos ao noticiário matinal
Que dá bom dia contabilizando as mortes do dia anterior
E se posiciona ao lado do seu anunciante
Falando em neutralidade e isenção
Desligue a televisão
Queime o jornal da prefeitura
Boicote o consumismo
Começando
Por aquele sonho de consumo infantil

Pois os muros ainda separam
O poder e os oprimidos
E aquele bando de bandidos de gravata
Estão cada vez mais fortalecidos
Por culpa de um povo emburrecido
Que não aprendeu
A escolher o melhor pra si.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Melhor deixar assim

Foto: Raul Garré


Seria bom
Que as coisas do coração
Tivessem prazo de validade
Perderia a graça talvez
Mas evitaria que ele batesse em vão
Sem necessidade

Seria lindo
Ver o sol nascer sorrindo
E viver de desapego em plena liberdade

Seria belo
O fim de um relacionamento
Tal qual um fim de tarde
Com os pássaros migrando no horizonte
E o sentimento de dever cumprido
Respeitando-se os tempos e as vontades

Mas pensando bem...
O que fariam os poetas?
Bom...
É melhor deixar assim.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Clamor

The Forest - Paul Cezanne


Faz muito tempo que te conheço
Eu não era quem eu que sou
Mas confesso
O meu apresso por ti
Desde o começo
Mundo pequeno
Que vai girando
Até perder a conta
Sem dar conta em defender-se
Do parasita-ser humano
Eu faço sempre o que posso
E exponho a minha indignação
Em primeiro plano
Escrevo-te em meus sonhos
E realizo-te em meus versos
Mas não me engano
Nem proclamo sapiência diante de ninguém
Pois me envergonho
Eu clamo é por ti natureza
Violentada
Abatida
Indefesa
Eu clamo por amor a ti.

Pra te lembrar

Foto: Jorge Curi


Quando quiser me encontrar
Estarei apto a me perder outra vez

Passo os dias
Vendo o movimento dos transeuntes
Olhar perdido no horizonte
Esperando talvez
Algum sinal de fumaça no ar
Atento às horas
Observando as estrelas
Girando com o universo
Evoluindo em frases e versos
Ouvindo Nei Lisboa pra te lembrar

Quando quiser me ver
Basta fechar os olhos e acreditar.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Alheio

Foto: Alberto Blank

De penar por esperar tua volta
O meu verso se solta
E se embaraça no vento
Ganha altitude
Ultrapassa as nuvens de chuva
E cai como uma luva no colo de alguém
De cansar por andar sem destino
Mais do que me aproximo
Do desejo de um dia parar
E viver como alguém que não espera por nada
A margem da estrada
Alheio a qualquer lugar.

Antes do depois

Foto: Camila Hein

Antes de nascer
O poema já está pronto
Antes de morrer
O poeta já foi morto
Eu sei
Antes da palavra escrita
Há o sentimento
O encantamento
A poesia
Antes que o poeta
Encontre alguma razão que o comprometa
Ele usa a magia das letras
E inventa
A partir da sua bagagem de vida
E sacia
A sede de quem o sente
Profundamente
Até no silêncio
No exílio das palavras
O poeta lavra, planta, rega
E colhe
O que ele escolhe
Dependendo da semente
Que se chama inspiração.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O céu da percepção

Foto: Alexandre Neutzling

Poesia
Reflexo de uma sensação
Caía
A tarde no céu da percepção
Doentia
De um poeta ancião
Apaixonado pela boemia

Olhos e ouvidos atentos
Olhar perdido no horizonte
O silêncio das estrelas
Paira no ar
E alguns desejos oprimidos
Provocam reações distorcidas
Após algumas doses de um Whisky
Vencido pela ousadia de quem
Não desistiu um minuto
Até encontrar o seu fim

Sim
A solidão só é percebida no dia seguinte
Quando uma dor de cabeça
Transforma a cama num grande deserto
E o corpo já não responde mais
E não há ninguém por perto.

Contemplação

Foto: Daniel Moreira

Todo dia ela ta diferente
Por vezes parece um espelho do céu
Tranquila
Quieta
Envolvente
De repente
Acorda num rompante
Encrespada
Provocante
Sensual
Passível de toda a minha admiração
És tu lagoa.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Ver e ouvir

Foto: Rodrigo Elste

Hoje eu pude ver e ouvir o vento
Atravessando as folhas de uma árvore
Foi logo depois do meio dia
Sob o sol da primavera
Durante aquele pequeno instante
Não soube ao certo
Quem eu era
Se vítima daquela cena tão comum
Para muitos
Ou se testemunha de um fato relevante
Para alguns habitantes
Do planeta terra
O todo é heterogêneo
O pouco até pode ser comum
Mas não reflete da mesma forma
Diante do mesmo espelho
É preciso dizer
É preciso oportunidade para ser ouvido
Mesmo sem saber o que irá acontecer
Eu digo e repito
O amor nasce no coração de poucos
A razão acaba com alguns
A vida sem sentido termina com os outros
Salvam-se
Os artistas, os poetas, os suicidas
E os loucos.

Submerso

Foto: Josekler

Submisso a uma inspiração
Submerso num amor
Que de profundo foi secando aos poucos
Como um rio no sertão
Esperando a chuva
Invitando a morte
Não
Não há mais oxigênio
Nem ninguém que possa atestar
O meu estado psicótico
Essa convulsão de sentimentos
Que me faz ter pesadelos
Em plena luz do dia
Essa hemorragia provocada pela tua ausência
Sim
A espera pelo fim é para os fracos
Eu prefiro encontrá-lo
Antes que ele chegue empurrado pelo tempo
Numa rajada de vento
Até mim.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Princesa

Foto: Alexandre Neutzling

Princesa
Duzentos motivos
Fazem-me vivo para não esquecê-la
Tua beleza é mais do que estética
Tuas esquinas poéticas
Não param de me tocar
Instigam a minha escrita
Provocam o amor que me habita
Pela vida que não cansa de me surpreender
Princesa
O teu interior respira a pureza
O relevo mostra teus altos e baixos
Os rios e as cachoeiras
Fazem-te perfeita
E me inspiram a viver para tentar descrevê-la
Ao menos tê-la
Sob o foco das minhas pupilas dilatadas.

Não venha me dizer

Foto: Raul Garré

Carregas nos ombros
Escombros do que um dia foi céu
Rascunhos que não deixarão de ser
Rascunhos
E planos perfeitos
Que jamais sairão do papel
Projetas o futuro
Velando insegura
Antigas certezas
Vazias e rasas
No fundo de um porão
Abaixo do chão
Em cima da mesa
Entregas a tua vida
A um sistema
Apostas as tuas fichas
Num modelo testado
E aprovado com selo de garantia
Só depois não venha me dizer
Que valeu a pena
Nem se acaso lhe faltou poesia.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Morto e vivo

Foto: Camila Hein

É primavera
Sinto o vento
Que entra pela janela
Tal qual um sussurro no ouvido
Ouço palavras aos pedaços
Vagando pelo espaço
Formando constelações
Pulsando por algum sentido
Talvez proibido ou não
Também sinto medo
Mas enquanto ainda é cedo
Eu provoco o silêncio
E finjo estar morto e vivo.

domingo, 14 de outubro de 2012

Sobre as verdades do mundo

Foto: Alexandre Neutzling

Eu não sei
Pergunte a alguém
Se assim desejas
Se julgares mesmo importante
Eu prefiro não pensar
Nem entender
E se acaso algum desavisado
Vier me questionar
Direi que não estou interessado
Pois não posso acreditar

O mundo é controlado por poucos
Esses poucos querem dominar o mundo
Por conta disso
Poluem
Desmatam
Constroem armas nucleares
Adicionam agrotóxicos aos nossos jantares
Ditam as leis e a moda
Fiscalizam as nossas vidas
E nos classificam como a,b,c,d,e,f,g,h...
Dependendo da condição “social”
Depois se utilizam dos seus veículos de comunicação
Como se fossem formadores de alguma opinião
Que pudesse ser aproveitada fora do prazo de validade
E se elegem com a maioria dos votos
Para assim seguir com seus planos de dominação
Enquanto a fome ainda mata as crianças
Das periferias desse “mundo” cobiçado

Alguns me falam em democracia
Por favor...
Os poetas é que são loucos!

O vagão dos palhaços sem graça

Foto: Juliana Charnaud

Não
Eu não sofro mais em vão
O teu silêncio calou o tempo
O relógio sabe o que fazer
Quando, sem querer
Eu fico a pensar

Não
Estar só não é solidão
Esperar por quem não virá
É desperdiçar amor
E cultivar alguma dor por isso
Pode não ser falta de inteligência

Não
Os sentimentos não são uma equação
Na prática é sempre mais difícil
Quando se conhece por inteiro a teoria
Até posso me fazer da poesia
Para fingir um pouco de lucidez

Não
Afastem-me deste vagão
Cheio de palhaços sem graça
Com receitas e fórmulas perfeitas
Para uma vida insossa e feliz
Antes a cólera do que a catequização.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Silhueta


Tem algo errado com aquela fotografia
Ela irradia muito mais
Além de trazer as linhas sutis do teu rosto
Teu olho disposto a não olhar
Se parece com uma capa de disco
Tem poesia num tom que eu acredito
Pois senti minha pele arrepiar

Não sei como explicar
Mas há um perfume suave flutuante
Que parece emanar do teu pescoço
Naquele belo registro de um instante
Distante
E assim eu me ponho a sonhar
Tem algo errado comigo!

Sou

Foto: Alberto Blank

Sou noite
Sou fogo e açoite
No lado de dentro
Sou vento
Sou intento
Desejo e desígnio
Sou rua
Sou a cara da lua
Crescente lá fora
Sou aurora
Sou a dor de ir embora
E a vontade de ficar

Sou louco
Sou um pouco
Daquilo que idealizei
Sou poesia
Sou o raiar do dia
Onde transitam os passarinhos
Sou carne
Alma
Amor e dor.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Um poema nasce num dia de chuva

Foto: Ana Klug

Um poema nasce num dia de chuva
E absorve a curva
Da disparidade das percepções
Toca bem no fundo
Quando se faz palavra bem dita
Benditos aqueles
Que se deixam levar pela poesia
O poema lava a cara
E sai cedo
Escorre pelos telhados envelhecidos
Tem o seu forte no amor incondicional
Acredita nas verdades que provém da alma
E nas vontades que a carne tem
Esse poema fala como alguém que conheço
Por vezes deságua num desabafo
Por outras
Esconde o jogo
Com quem tenta compreendê-lo.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Longe demais

Foto: Alexandre Neutzling

Diferes de mim
Pois sofro de fragilidade exposta
Entrego o ouro a quem eu amo
Proclamo o amor
Em projetos de sonhos mirabolantes
A todo instante
Quero saber de ti
Diferes de mim
Pois tua maturidade me dá inveja
Teu equilíbrio é seguro
E tuas atitudes são corretas
Mesmo sem entender
Eu procuro te compreender
Mas estou longe demais pra isso.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Sem fechar a porta

Foto: Camila Hein 

Ela se faz de rogada
Mas sabe bem o que quer
Joga tanto com suas armas
Usa tão bem as palavras
Que me sinto culpado e condenado
Por nada
Ah essa mulher...
Vive entre sonhos e dilemas
Anda feito uma louca
Diz que vale a pena
E que nunca vai parar
Ama e adora ir pra cama
Beija e adora ser beijada
Apaixonada pela sua vida
Intensa
Primeiro fala e depois pensa
Desaparece, me esquece
Mas sempre volta
Diz que é minha assim
Que se importa
Depois se entrega
E vai embora
Sem fechar a porta
Pois ela espera sempre voltar.

domingo, 7 de outubro de 2012

Reformas já!

Foto: Bel Gasparotto

Tomara que eu possa bater no peito
E sorrir
Sem a vergonha na cara
Pelo mal que não fiz
E pelo bem que deixei de fazer
Nem a consciência pesada
Pela esperança que ajudei a nutrir
E pela dor que consegui esquecer
Aquele grito entalado
Prestes a ofender alguém
Foi cancelado com o simples propósito
De não ferir
Falar a quem não quer ouvir
É perder tempo
Desperdiçar energia com o dito “isento”
É pedra no vento
Convivemos com os traumas da ditadura
Onde se afirmam certezas vencidas
Por conta de uma anestesia hereditária
E uma amnésia retraída
E assim caminha o retrocesso
Precisamos de reformas
Na política
No amor
Na forma de viver e conviver com o mundo
Reformas já!

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

No ar

Foto: Alberto Blank

Não há como negar
Que uma pequena parte do encanto
Acabou
Entretanto alguns novos brotos de afeto
Começam lentamente a ocupar o canteiro central
Nos jardins do nosso amor
Não há também como esquecer
Que tudo e todo o resto
Está tão bom, ou melhor, do que quando começou
Alguma insatisfação pontual
Por ciúme, egoísmos e coisa a tal
Atrapalha a calmaria
Trazendo chuva e ventania
Ao fundo do meu quintal

Não há lugar que não enfrente em algum momento
Alguma tempestade
Não há dor que não possa curar
Com tanta vontade
No ar.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Eu não sei

Arte: Claude Monet

Não sei o que fazer
Quando tu falas comigo assim
Desse jeito
Parece que o céu derrama
O seu azul sobre mim
Parece que o fim
Volta a ser o começo
Eu sobrevivo das ilusões
Que eu mesmo cultivo
Das migalhas 
Eu tento me nutrir
Mas sinto fome
E sede de existir ao teu lado
Não diga que está tudo bem
Nem faça o meu amor de refém
Por tempo indeterminado
Vou buscar no silêncio algumas respostas
Um dia eu volto...
Tu sabes.

Um passo no falso

Foto: Raul Garré

A ânsia de te encontrar
Fez com que eu me perdesse
Nas armadilhas desse labirinto
Num turbilhão de sentimentos
Ainda indefinidos
Ante a recaída
Infusão de adrenalina
Fim da abstinência.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Maior que eu

Foto: Alexandre Neutzling

O maior poema que não escrevi
Não ocupou duas linhas
O maior amor que não vivi
Não me fez sofrer um dia
O maior sonho que não sonhei
Não deixou traumas ou sequelas
A maior mentira que não contei
Não fez mal nenhum a ela
A maior experiência que não tive
Não trouxe nem um pouco de maturidade
O sexo mais intenso que não fiz
Não provocou o orgasmo e nem boas lembranças
As duas maiores provas de que não sou feliz
Em minha totalidade
É que não há tenho perto de mim
E nem sou mais tão criança
A ponto de executar meus planos de grandeza e eternidade.

Vício

Foto: Daniel Moreira

Solte a minha mão
Deixe-me um pouco comigo
Preciso conversar sozinho
Vou buscar refúgio nos meus amigos
Não culpe a mim e nem entristeça
Pois aconteça o que acontecer
Vais estar sempre em minha vida
Como uma flor que resiste às estações
Como aquela que iluminou minha avenida
Mas todo o carnaval tem seu fim

To cansado de esperar muito por tão pouco
To girando além da rotação da terra
Com a cabeça nas nuvens
E os pés sobre ela
To confuso
Recluso
Perdi a naturalidade de ser

Solte a minha mão
Deixe-me um pouco comigo.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Alto lá

Foto: Camila Hein


Subindo
A vida imita a arte
Quando nos deixa assim
Sorrindo
Talvez com um pouco de sorte
Continuemos aos poucos
Evoluindo
Até que possamos encontrar
Perdido em algum lugar
O topo

Descendo
Os sonhos tornam-se realidade
Quando os idealizamos
Crescendo
O êxtase da queda livre
O gozo depois do vulcão
Temendo
Que o resumo desta história
Seja simplesmente
O chão.