segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
urgente
não espere pra falar
do que te invade
nem deseje o fim da tarde
pois à noite é tão distante
há sonhos que não cabem
dentro de um segundo
e amores que se perdem pelo mundo
por conta de um instante
não demore
a se tornar inevitável
pois pra alcançar o inatingível
não basta apenas esperar
tem que caminhar...
sábado, 7 de dezembro de 2013
sintomática
tem muito nó
no seu cabelo
tem pouco amor
no seu espelho
tem muita dor
de cotovelo
tem muito pó
e pouco cheiro.
Félix da Cunha
aquele, de fato
foi o último beijo
vieram outros depois
mas não com aquela conotação
aquele sentimento de impotência
diante dos fatos
a rua era a Félix da Cunha
as luzes dos carros
riscavam as suas costas
mas ele não queria nem saber
mesmo com a certeza da perda iminente
naquele momento
se sentiu livre e pleno como nunca
e ela se foi dos seus olhos...
hoje
ela habita apenas
algumas boas lembranças
e é proprietária exclusiva
de um pedaço do seu coração
ele adora vê-la voar
ele ama vê-la no chão.
sábado, 30 de novembro de 2013
sinuosa
atravessou o caminho
sorriso entre os dentes
perdida no tempo
em frente
ao relógio do ponto
exibindo estrelas cadentes
nas curvas perigosas
do seu corpo
que eram visíveis
a todo pensamento nu.
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
reflexo
terça-feira, 19 de novembro de 2013
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
presságio
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
silêncio no golfo
eu sei de sonhos
que não morrem
encontro gente
que não vive
são raros os povos
que não sofrem
morteiros sobre
tel aviv.
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
procura-se
procura-se
grandeza nos pequenos gestos
profundezas num pequeno lago
pequenezas naqueles mesmos versos
dos poetas que foram
considerados mortos
antes de ficarem cegos
de tanto se olhar no espelho.
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
Premonição
Foto: Raul Garré |
Quando eu tinha sete anos
Uma carreira verdadeiramente promissora me esperava.
Mas o destino tem seus mistérios...
Seus desígnios insondáveis.
Uma bola 'Dente de leite' envelhecida, ressecada,
Um chute quase perfeito na trave esquerda,
No cantinho esquerdo, indefensável,
Mas que fez uma curva aberta, fugindo do goleiro,
Uma curva que fez a bola pegar no poste,
Que era, por sinal, o pé da prateleira
O poste esquerdo da prateleira da sala de casa.
Minha área improvisada nos dias de chuva.
A prateleira que era o xodó da mãe,
E que tinha taças e baixelas,
E que tinha pratos e copos de todos os tipos,
E alguma importância.
Foi um chute seco, desferido a la Rivelino,
No canto esquerdo. Bem no pé da trave. Perfeito.
Cheguei a comemorar por antecipação.
Mas a prateleira não achou o mesmo.
Cismou de renguear, de se agachar de lado.
Em câmera len-ta. Em câmera mui-to len-ta.
E, em câmera mais len-ta a-in-da, foi caindo,
Assim meio de lado, meio de frente.
Veio abaixo. Es-pa-lha-fa-to-sa-men-te.
Não preciso dizer que uma terceira guerra mundial,
Um novo meteoro extinguindo os dinossauros,
Uma bomba de hidrogènio caindo na calçada em frente,
Não teria o efeito perigoso e negativo daquele impacto,
Muito menos o ruído. O estrondo. O estardalhaço.
Quando a mãe voou pela porta dos fundos, branca, aturdida,
Por entre os cacos de vidro,
Decidida a salvar cada pedaço que resumia, até ali,
A história da sua vida.
Foi somente aí que eu pude descobrir,
Como em uma visagem premonitória,
Que ali, justamente ali, após aquele lance quase genial,
Justamente ali...
Havia acabado definitavemente
A minha promissora carreira
de jogador de futebol.
(Martim César / Daniel Moreira)
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
só assim eu mato a minha sede
Foto: Raul Garré |
eu queria escrever um poema
que tivesse a cara da América Latina
a simplicidade do povo uruguaio
e a beleza de um tango argentino
que fosse andino
e pudesse ver o pacífico
e que fosse específico
ao relatar Benedetti e Neruda
eu queria escrever um poema
que pudesse servir de ajuda
aos índios exterminados do Pampa
e que também pudesse
dialogar
com os Incas de Machu Picchu
dentro do seu tempo
eu queria escrever um poema
sobre a linha do Equador
e derramar o meu amor
como propôs Quintana
ao dedicar a sua vida à poesia
“Um poema como um gole d’água bebido no escuro”
só assim eu mato a minha sede.
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
rua do demérito
o que se sabe
além do que se conta
ao cruzar as mesmas esquinas
e ter que engolir
as mesmas histórias
prontas?
ruas
becos
alamedas
praças
ta cheio de avenida por aí
com nome de ditador militar
mas o que se pode por aqui
além de sonhar
ainda é muito pouco.
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
porta aberta
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
prelúdio
Foto: Camila Hein |
lembra
daquele beijo quente
que arranjaram pra gente
daquela noite em frente
a esquina
antes de chegar em casa
o tempo nunca fecha a porta
já era amor
mas ninguém pode imaginar
lembra
que não eram dez horas
e tinhas que ir embora
que a sensação lá fora
eram estrelas
rondando a nossa volta
e o medo era uma aventura
difícil de explicar
foi bom.
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
quanto tempo?
quanto tempo
vale o tempo do teu lado?
quantos lados
tem a parede do quarto?
quantos quartos
perderam o sono atrás de um sonho?
quanto sonho
ainda nos resta pra sonhar?
assim
corpo nu
corpo.
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
anseio
o pai da Lua
domingo, 22 de setembro de 2013
observando os pássaros
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
terceira dimensão
e no exato momento
que tudo parece estar
sob controle
você abre os olhos
dentro do sonho de alguém
palavras em movimento
atravessam as paredes
compõem o teto
o corpo
o chão
o corpo
o chão
transmutam a cada toque
e não há mais peso
gravidade ou conseqüência
e não há mais peso
gravidade ou conseqüência
tudo flui em 3D.
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
domingo, 15 de setembro de 2013
separação
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
queda livre
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
agora um poema
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
antagonismos
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
setembro
domingo, 1 de setembro de 2013
todo poema de amor
Foto: Daniel Giannechini |
todo poema tem sua motivação
seja ela boa ou ruim
alguns nascem ao acaso
outros clamam por descaso
e esquecimento
pois não passam de sentimentos
embrulhados em palavras
todo poema tem seu destino
tem seu canto e seu caminho
todo poema paira nos olhos
de quem não entende
que não é pra entender
e demora-se na mente
de quem sente
com o coração
todo poema é de amor
e duvido que me provem que não.
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
o sol
google: sem informação de autoria |
o sol
clareou a porta de entrada
aqueceu a criança que brincava
de ser feliz e correr pelo mundo
na volta da casa
o sol
flertou com o banco da praça
ele sonhava alcançar profundezas
pousou no galho de uma árvore cansada
do frio e da malemolência
o sol
flertou com o banco da praça
ele sonhava alcançar profundezas
pousou no galho de uma árvore cansada
do frio e da malemolência
o sol
amanheceu toda gente
curou a grama que queimou na geada
correu pela estrada
e brilhou noite adentro, distante
num outro continente.
terça-feira, 27 de agosto de 2013
(in) tensão
terça-feira, 20 de agosto de 2013
ela é um satélite
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
quase nada
domingo, 18 de agosto de 2013
a flecha
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
miragem
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
infante
Forte Dom Pedro II - Caçapava do Sul |
talvez não seja suficiente
esse andar inquietante
por entre as casas
no vento
tampouco será prudente
alimentar os mesmos sonhos
em torno do que há muito
desmoronou
talvez não seja apenas
uma questão prática
como muitos por aí
pensam
já faz muito tempo
que a minha infância
nos deixou.
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
um soneto
foto: Daniel Giannechini |
poesia é a boca que saliva e não sacia
é o olhar que brilha sem mesmo ver
é o sol se debruçando numa tarde fria
a esperança que renasce ao amanhecer
poesia é o amor em demasia
é torneira que não fecha depois de morrer
é o silêncio que se fala todo dia
é a mentira mais bonita de se ver
poesia é desabafo e desalinho
é engolir um copo de vinho
e botar a culpa num poema
poesia é o próprio dilema
é pá de areia e grão sozinho
é solução e é problema.
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
rua das flores
primeiro mapa de Pelotas |
não existe mais o aroma
da rua das flores
perderam-se as flores
e instalou-se por lá
uma severa crise de identidade
aquela rua larga
próxima ao centro da cidade
teve seu nome furtado
por conta de um almirante
que veio de outro estado
a se tornar barão
almirante barroso
nome deveras pomposo
mandou embora
a alma da rua das flores
e junto com coronéis
marechais e outras patentes
assumiu seu posto no golpe militar
que dá nome às ruas desse lugar
e afronta a cultura da nossa gente.
segunda-feira, 29 de julho de 2013
para(tu)ti
Foto: Camila Hein |
*para Quélen
primeiro
ela diz o que eu gosto
depois
eu gosto de tudo o que ela diz
então
ela faz o que eu peço
e eu peço
um pouco mais pra ser feliz
em seguida
ela propõe o que eu quero
eu não espero
um segundo pra aceitar...
pra terminar
aquele silêncio que precede o calor
e que nos faz entender tão bem
o significado de se entregar.
quarta-feira, 24 de julho de 2013
e lá vem você de novo...
google - sem informação de autoria |
já me basta
o fardo pesado
de acreditar em sonhos
inventados
por um poeta
que não se cansa de escrever
já me basta
o destino improvável
dos dias enfileirados
nos guichês da vida
que cobra sempre tão caro
por um ato assumido
já me basta
ter sofrido o suficiente
ter ouvido feito um louco
pra tentar aprender um pouco
como não se morre
ao te esperar
terça-feira, 23 de julho de 2013
eu quero o norte de um furacão
segunda-feira, 22 de julho de 2013
quem sabe
segunda-feira, 15 de julho de 2013
espelho
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