terça-feira, 30 de agosto de 2011

Come back




De volta
O mesmo frio
Naquele quarto vazio
Por não vê-la
Nem tampouco
Saber de ti

De volta
Aquela revolta existencial
Nostalgia psicocarnal
Fotografada na memória
Ampliada sob a luz negra
De um passado tão presente em mim

De volta
Ao meu eu
Que só, não partiu
Por querer te eternizar
Numa história que ainda não aconteceu

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Montevideo

Foto: Raul Garré


O vento lá fora
Fala do frio por si só
Há muito queria estar aqui
Mas o telefone fora de área
E algumas dúvidas acumuladas
Perturbam-me

Mesmo assim vejo o brilho das luzes
Encanto-me
Com a beleza da arquitetura européia
Num tom latino todo especial

Ainda sem lugar pra ficar
Mas o que seria melhor do que simplesmente estar?

Enquanto procuramos um Hostel
Um telefonema me acalma
O termômetro da avenida marca um grau
E eu entrego de vez minha alma

Por las calles mojadas de Montevideo

Apenas chovia



Andei por aí
Pelas esquinas da vida
Até que me perdi
E me perdi...

Vaguei sem rumo
Pelas calçadas
Sonhando com tua janela
Imaginando-te debruçada
Sorrindo

Os sinos badalavam
A noite, aos poucos caía
E o meu andar interminável
Enchia de incertezas  
Aquelas ruas vazias

Enquanto
Ao redor de mim
Apenas chovia

domingo, 28 de agosto de 2011

O muro de pedra




Lembro dos teus olhos
Curiosos
Por não saber
Enigmáticos
Ocultando o seu brilho mais intenso
Ao me encontrar
Antes da última estação

Lembro do caminho
Por onde andei
Também me lembro daquelas pedras
Um muro de pedra
Que separava o teu mundo do meu
Ah quanta saudade!

Lá se foram tantos dias
Tantas noites
Mas ainda que sem querer
Volta e meia me pego pensando
Imaginando...
Como seria a vida sem você?

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Agosto




Cai a tarde
Fria tarde
O mundo parece o mesmo
Enquanto o relógio
Novamente se prepara para as seis

Nem tão distante
Como nós dois, talvez
Os sinos da Catedral anunciam a noite
E uma névoa densa
Começa lentamente a pintar tudo de cinza
Outra vez

É o fim de tudo!

Fim do encanto
Fim da tarde
Fim do mês

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Frases, palavras...




Aqueço-te com palavras
Feitas sob medida pra ti
Que quase se desmancham ao sentir teu gosto
Quase evaporam ao te ouvir sorrindo
E logo voltam a sua solidez

Signos de fácil compreensão
Pra quem ama
Pra quem queima feito chama
Como a brasa que nunca chega ao fim

Depois da frase feita
Teu abraço cálido me aceita
E numa dança quase perfeita
O meu corpo cola no teu

Ao fim do dia
São tantas frases, palavras
Que formam uma bela poesia
Um novo velho poema que me confidencia
Segredos difíceis de guardar e esquecer

Nosso tempo




Teu corpo
Extensão do meu eu
Passagem pra outro mundo
Durante algumas frações de segundo
Também o sou

[suspiros, delírios

Fogem ao controle
Enquanto o fogo consome
Nossa energia
Nessa poesia
Que recém começou

Até o tempo
Indiferente as horas
Foi-se embora
Diante da eternidade
Do nosso amor

sexta-feira, 19 de agosto de 2011



São gotas que descem
De um céu resplandecente de inverno
Procuram tuas pétalas
Tua pele macia
Enquanto te banhas no lado de dentro
Em plena noite fria

Cada gotícula
Reflete teu brilho
Teu corpo sob o chuveiro
O vapor embaça o espelho  
E a chuva do lado de fora
Desenha na janela o mundo inteiro

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Precipício


Vá até o meio
Desça pela escada que não termina
E volte ao começo

Solta o teu cabelo
Deixa o vento ser
Como a lua no espelho

Minguante
Distante

Selvagem no princípio

Precipício no fim do instante

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Na boa



Fragmentos fotográficos
Brilho no escuro
Registro do instante
O outro lado do muro

Esquinas ultrapassadas
A cara da rua
Grafites gritantes
A vida nua e tua

Cara ou coroa?
Na boa

Eu prefiro você!

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O palco



O palco é de todos
De quem vê
De quem crê
De quem brilha

Do público que assiste
Da contracultura que resiste

O palco é do músico
Do poeta que escreve torto
Na profundidade das palavras certas

Do ator que interpreta o seu próprio amor
Da bailarina que baila, como baila...

O palco também engana
Também confunde
O coração de quem ama
A arte de verdade

Mas jamais será de quem o compra
De quem faz dele o seu próprio altar

O palco não precisa de teto
Pode ser em qualquer esquina
No banco da praça
Na calçada de quem passa
Em transe no fluxo da multidão

O fim



É Tarde
Pensamentos me invadem
O que era pouco
Ontem mesmo
Acabou

O que fazer?

[Com o que sobrou

Partir pra guerra
Ou esperar pelo tempo
Que não erra
Nem apaga
A dor

Se isso é amor
Eu não quero mais pra mim

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Sobrevivente



Se a chuva
Falar de tudo um pouco
E a lágrima perdida
Ante a despedida
Lembrar-te desse nosso louco

[amor sobrevivente

Saiba que vivo doente
Em tratamento constante
Mergulhado em pensamentos
Na esquina onde dobra o vento
Ocultando aquele instante

[que me fez perder-te

Por enquanto
Esquecer-te
Ainda mora distante

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Tormento



Uma página no centro
De versos em ti submersos
E canções inesperadas ao vento
Tempestade no deserto

Uma palavra em movimento
Lapidada na espontaneidade
Ante toda a racionalidade vã

[um tormento

Perder-te assim
Desse jeito

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Standy By



De cara
Observo o tempo
Que dispara
Na busca pela paz interior
Aonde a vida para

[com você

Só depois eu sigo
Vendo-me nos olhos da multidão
A procura de abrigo
Sem te esquecer nenhum segundo
Eu desligo

[e assim eu vivo...

Acordo, como, bebo, durmo e sonho
Em Standy By