terça-feira, 31 de maio de 2011

Preceito(s)



A deriva
Tempestade a vista
Profundidade distorcida
Calor e frio

Céu escuro
Latitude indefinida
Por amor a própria vida
Norte e sul

Sem saber
Debilidade intuitiva
Esperança retraída
Amor e dor

Espaço tempo
Tristeza amadurecida
Medo ante a recaída
Início e fim.

domingo, 29 de maio de 2011

Olhar distante

foto: daniel moreira

Olhar distante
Diferente de ontem
Não são as ondas que não ouço

[Eu sou assim

Tardes serenas
Vento de outono
Esse coração a beira do abandono
Fala por si

Sem horizonte
O mar tão longe
O céu nem parece mais o mesmo
Depois de ti

domingo, 22 de maio de 2011

O novo do velho



Escrevo pelos corredores
E percorro
Pelos quatro cantos
A tua geografia

Sinto que o vazio
Agora preenche
E que o passar do tempo

[Transforma

Os dias frios
Um novo poema
De um velho poeta
Que ainda não cansou de morrer

[Sozinho

Penetram na carne cansada
Cicatrizam o papel
Na mesa da sala

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Encontrar um tesouro

A felicidade estampada na cara,
O sentimento de dever cumprido.
Mas a vontade por aí não para,
Sussurra baixinho no ouvido.

Meu coração trepida de emoção,
Volta e meia um sorriso escapa.
Encontrei um tesouro no teu coração,
Sem precisar da ajuda de um mapa.

Explorei cada palmo do teu corpo perfeito,
Tuas curvas, teus traços, tua intimidade,
Senti teu cheiro e teu sabor.

Acabei me apaixonando pelo teu jeito,
E de tanto procurar em ti a felicidade,
Acabei descobrindo o amor.


*Do livro Poemas Urbanos, Editora Alcance, 2009

sábado, 14 de maio de 2011

Na fronteira

foto: rodrigo elste
Andando pela rua das portas,
Deparei-me com um rio.
Uma fronteira imaginária,
Um belo cartão postal.

Suas águas eram calmas e serenas,
E despertavam em mim sentimentos, sensações.
A brisa era fria, mas me confortava,
Eu caminhava sem parar.

Nosso encontro não havia acontecido,
No cinema, nenhum filme em cartaz.
Nosso amor estava como as ruínas da enfermaria,
Um teatro sem espetáculo, sem esperança.


*Do livro Poemas Urbanos, Editora Alcance, 2009

terça-feira, 10 de maio de 2011

A chuva também acabou

Já era tarde quando a chuva parou de cair,
Na lareira as últimas brasas continuavam queimando.
Eu continuava ali, me perguntando,
Por que você resolveu partir?

Foi uma paixão relâmpago, fascinante,
Contemplamos o pôr do sol, a lua, as estrelas.
Andamos de mãos dadas,
Aproveitamos cada instante.

Acabou sem eu saber,
Se quem mentiu foi você,
Ou, se quem errou fui eu
E por que o nosso amor simplesmente desapareceu.

Foi de repente, quase sem se despedir,
Vivo doente de saudade.
Lágrimas pelas boas lembranças e pela amizade
Permanecem depois que a chuva parou de cair!


Do livro Poemas Urbanos, Editora Alcance, 2009

domingo, 8 de maio de 2011

O maior amor do mundo


Durante nove meses eu fui você.
Logo os teus braços se tornariam o meu mundo.
Balançavam para eu não chorar,
Balançavam para eu dormir e sonhar.

Meus primeiros passos e tropeços,
Você assistiu de camarote.
E minhas primeiras palavras,
Saíram da tua boca.

O teu beijo quente,
Aquecia minha alma na adolescência.
Quando o meu coração em pedaços,
Morria de frio.

Mãe,
Sinto saudades do teu “bom dia”.
Do teu carinho exagerado todos os dias,
Do teu orgulho pelas coisas tão pequenas que eu fiz.

A maturidade ajuda-me a entender,
A tua ausência no meu dia a dia.
Pois, não é mais preciso a tua presença física,
Para eu saber que estamos juntos.

Encaro com serenidade esse tal curso natural da vida.
Cada dia que passa a amo mais,
E me sinto mais protegido por esse amor, que, sem dúvida,
É o maior amor do mundo!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Pelo teu amor

Depois de te ver
Depois dos filmes que passaram por aí
Tracei linhas inesperadas
Apaguei amanhãs na companhia errada

[Não sei ao certo o que aconteceu

Durante as manhãs de outono
Nos sonhos relâmpagos com tempo bom

[Sem roteiros de difícil adaptação

Tua beleza jovem quase sem explicação
Fez de mim o que hoje sou

Um tolo, louco pelo teu amor.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Sob tua janela


Sob tua janela escrevo versos,
Que caem do céu feito pingos luminosos.
À meia luz aumenta o teu encanto,
Imagino passos descalços pela casa.

A noite cai aos poucos,
As nuvens anunciam a chuva próxima.
Eu me aproximo de você sob a tua janela,
Sob pensamentos tão dominadores quanto o teu olhar.

O vento não trouxe o teu perfume,
Nem meus olhos tiveram a felicidade de te encontrar,
Junto os meus cacos na calçada,
E carrego comigo.

Pode ser que em breve eu possa precisar.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

paz




Partir pra onde?
Por que não, sorrindo?
Se o agora é movimento
E o tempo, talvez como o vento
Também se esqueceu de parar

Muitos dias, muitas gentes
Pouco espaço atrás da porta
As lembranças são retratos
E os espelhos, artefatos
Na parede da memória

Depois da chuva e dos pássaros
Talvez um amanhã com sol
Um pouco de céu azul
E paz

Leve (mente)



Alma leve
Breve significado de um talvez

[O depois se desfez

Outra vez
Amanhã de manhã

Corpo tranqüilo
Tudo aquilo que ontem joguei ao vento

[Uma página amarelada do centro

Um sentimento encarcerado
Nas entrelinhas de um poema