sábado, 26 de julho de 2014

um menino

aquele menino corre por impulso
no mesmo curso
em que navegam suas fantasias
ele é do interior
cresceu no interior
e sabe muito bem disso

no balanço improvisado
balança a sua imaginação de criança
e como voa!
e como dança!
imitando os pássaros
e os dragões que ele mesmo cria

o menino corre sob a grande figueira
à tardinha
ele sente fome e sede
pelo desconhecido
é um curioso assumido
o tal jovem valente

aquele menino
só tem medo, mesmo
é de gente

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Poetas pelotenses




No anoitecer de sexta-feira, a Maria Bonita Comunicação recebeu quatro autores poetas de Pelotas. Na sala escura, com a claridade de suas próprias letras escritas em folhas ou seladas por dentro, o poeta ouvia sua própria voz. O resultado está aí, na compilaçao de poesias de Alvaro Barcellos, Daniel Moreira, Márcio Ezequiel e Rogério Nascente. Os poemas irão em áudio para a RádioCom 104,5 FM no Terapia Literária. E agora, ganham um toque da imagem vista a partir de uma luz que foca na palavra de cada poeta que passa por lá.

Márcio Ezequiel - "O Corpo"
Alvaro Barcellos - "Tempo de Nascer"
Daniel Moreira - "Dona"
Rogério Nascente - "Tenho"

Produção: Maria Bonita Comunicação

sábado, 19 de julho de 2014

um ano e pouco de leitura

Gracias por El fuego, Benedetti!
aqui na Satolep de Ramil
permito-me aos meus Poemas Urbanos
De pernas pro ar com o Galeano
como O aprendiz de feiticeiro do Quintana

vivemos Uma terra só, disse Schlee
e embora não tenhamos
O coração amarelo de Neruda
nem ouvido Potchua Babulenka
e as histórias da vó do Duda
continuaremos a Despertar por poesia como o Braga
faremos do papel um Confessionarium, como fez Zanon
estaremos On the Road com Kerouac
e nas Espumas flutuantes de Castro Alves

tomara que alguém
Leia antes de jogar fora, Ezequiel
pois este poema não fala
Sobre amores e outras utopias como o Martim César
e não considera que
O amor é um cão dos diabos como o velho Buk
e por mais que pareça
[in]fértil ou poesia alguma, como disse Borges, o Gabriel
ele apenas resume um ano e pouco de leitura

quarta-feira, 16 de julho de 2014

quase lá

um caso de
acasos tão escassos
um quarto feito de
quadrados mágicos
mais fácil é ocultar o
brilho tácito
do que expor as
consequências deste amor

a um passo de
tornar-se inevitável

sábado, 12 de julho de 2014

sopapo

eu sinto a culpa
dos que não sonharam
o medo dos que não fugiram
e nojo dos afortunados
que se julgavam donos de certos destinos

eu sinto o sal do charque
atravessado
a umidade que escorre pelo casarão
eu sinto no peito um tambor desesperado
que clama por liberdade e expressão

eu sinto o sangue escorrendo
em minhas costas
quando penso nas charqueadas
que beiravam o Arroio Pelotas

domingo, 6 de julho de 2014

tempos modernos

que bom seria
se o tempo voasse
sem os ponteiros nas asas
que a vida corresse
com tantos anos nas costas
e que os filhos crescessem
livres do medo de errar
que bom seria
se a maturidade chegasse
como cada primavera
que o perdão permanecesse
independente de quem erra
e que o amor não fosse mais
uma simples moeda de troca
que bom seria
uma paixão a moda antiga
sem as correntes
as divisas e o preconceito

quinta-feira, 3 de julho de 2014

café passado

no tinir das xícaras
o presente de sua existência
ante a face nefasta do tempo
o passado é um café forte e amargo
que às vezes cruza a garganta
e como por instinto
clama pela sua presença

não haverão mais Julhos
sem ti
eu sei
e talvez nenhum café