quarta-feira, 27 de abril de 2011

Fria tarde



Aos poucos, a fria tarde se vai
As pessoas se acumulam na calçada
O sinal está fechado
Não há tempo pra mais nada

O inverno trouxe consigo as cores frias
Semblantes preocupados
Faixas de total insegurança
Corações desenganados

O vento sopra forte e contra nossas intenções
Espalha as folhas pelo chão
Corta as esquinas, encana, engana...
Estou só no meio da multidão

Aos poucos a fria tarde se vai...


*Do livro "Poemas Urbanos" - Editora Alcance,  2009, pág. 23

sábado, 23 de abril de 2011

O teu nome



Como podes tão próxima de mim
Hesitar no teu espaço
Esperar por algo que não é meu
E que talvez nem valha a pena

Sem imaginar o meu apego por acreditar
Fazes com que eu suba ao palco dos teus sonhos
Levitar sorrindo sem querer
Mergulhar profundo sem prender o ar

Sinto-me o rastro do que não chega
Do que não fere
A beleza de um espelho sem reflexo
A dizer por dizer o teu nome

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Vento


Não espero
O futuro incerto
Possibilidades remotas
De talvez quem sabe
Não sei

Não vejo mais
A cor dos teus beijos
Voaram como pó
No vento do outono
Se perderam

Não sei o que dizer
Por isso calo
Na frente do espelho
Diante da angústia
De viver

sábado, 16 de abril de 2011

Não mais

ilustração: Jairo Tx

Um passo no teu silêncio
Pelas vielas escuras
De lembranças futuras
O fim que ainda não veio

Os olhos não deviam saber
Nem por mim, nem de ninguém
O suplício de um refém
Que se chama meu querer

Deságuam certezas petrificadas
No rosto desacreditado
Ferido por um passado
Que de sonhos, não vive mais.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

In-verso


ilustração de Jairo Tx (confira o trabalho de Jairo aqui)

In versus

Um verso em si mesmo
Universo interior
Reflexo sem nexo
Anexo ao computador

Um verso no preto
No branco profundo
Desprovido de sentido
Perdido noutro mundo

Um verso no espelho
Inverso de mim
Avesso, espesso
O começo do fim

Pensamentos que vão




Sobre as nuvens de algodão,
Perto daquele céu,
Que à noite fica cheio de estrelas,
E se ilumina com a lua.
Estão meus pensamentos a vagar.

Hoje amanheceram querendo saber,
E vão tão longe sem querer.
Buscando...
Imaginando um momento com você.

Voam alto e a favor do vento,
O horizonte é o destino.
A distância não importa,
Pois não me canso de pensar em você.


Do livro "Poemas Urbanos", Editora Alcance, pág. 46

domingo, 10 de abril de 2011

Sem tradução

foto: Raul Garré

Cale-me
Fala-me das tuas coisas
Com essa voz suave
Ao pé da minha percepção

Conte-me
Expressa teu desejo ilícito
Com tua culpa intrínseca
De total satisfação

Move-me
Tira-me do consenso pálido
No teu seio átimo
Ilha de reflexão

Acolhe-me
Confessa tua vontade plena
De viver nos versos de um poema
Sem tradução

terça-feira, 5 de abril de 2011

Além da esquina



Existe um lugar
Além da esquina
Onde vive um pensamento
Perambulando noite e dia

Existe um motivo
Mais que intuitivo, eu penso
Reticências entrepostas nos semáforos
Exclamação no meio de um sorriso

Existe um espaço
Uma lacuna no céu escuro
Um pedido em cima do muro
O meu desejo batendo a porta

Existe um silêncio
Que vive além dos teus lábios
E conta as mesmas histórias
Todas as noites antes de dormir.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Expresso



Expresso meu querer
Deixando simplesmente acontecer
Nas manhãs de cinza que componho
Delirando em sonhos que não são meus

Expresso o desejo
De mergulhar profundo e me afogar num beijo
De morrer em versos de melancolia
Essa poesia é a vida que pedi a deus

Expresso efêmeros sentimentos
Perfumes que despertam estranhos pensamentos
Num soneto que rima diferente

Expresso a dor que ninguém sente
O amor que desperta sem querer
E tira dos trilhos a vontade de viver