quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Ócio




Enquanto o ócio
Fizer de mim
O seu mais fiel amante
A todo instante
Vou poder pensar em ti
Só por pensar 

Vou escrever
Dezenas de poemas errantes
E te namorar
Nas entrelinhas flutuantes
Que falam mais de mim
Do que de ti

Vou levar a vida
Deixando que ela me leve
E só

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Extremo

foto: Raul Garré


Desço
Por caminhos que levam ao extremo
O céu e o mar me acompanham em sintonia
Enquanto o dia escorre pelas linhas
De um horizonte que pouco a pouco
Eu conheço

O mundo do avesso
Não corro e nem penso
Queria parar o tempo

Quase me esqueço de tudo
Sem mesmo querer pensar em nada
E talvez eu até escreva
Quando sobrar um tempo
Um poema que fale de amor

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

É bom

foto: Raul Garré


Amanheceu
E o teu perfume de sorrisos
Agora faz parte de um sonho
Que inventei ao acordar

[ainda escuro

Olhos de lágrima
Incertezas sobre o futuro
Confidências etílicas
Nenhuma ressaca por sinal

[ainda amanhece

Cortina de fumaça que entorpece
Lembranças recentes
Que sem querer agente esquece
Por que esquecer às vezes é bom  

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Queimando




Queimo
E essa chama
Que clama ser tua
Não é senão
De ninguém

Queimo um
Dois dias na primavera que esquenta
Enquanto chove, enquanto venta
Queimo febril
Por não saber o que sei

Queimo contigo
E as vozes que escuto
Nesse delírio absoluto
E indomável
Que queima e tange a cena

Queimo com tua alma pequena
Juntando reles fatos
Coisas significantes
Como dois ficantes
Queimando de paz e amor.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Doce



Um sonho no papel
Tua voz tão doce
Envolvendo-me
Pedindo-me mais um pouco
Antes de chegar ao céu

Uma gota de ilusão
Sensibilidade aguçada
Cores e sons
Na medida exagerada
E agora...
Será possível dizer não?

sábado, 17 de dezembro de 2011

Sobre o tempo




Enquanto vejo o tempo
Rastejar ao teu encontro
Esse calor com cara de verão e sonho
Vai invadindo-me aos poucos

Observo o céu e seu movimento
O andar lento dos fatos
Lugares imaginários
Abstratos
Como se nada fosse mudar
Nos próximos cem mil anos

Enquanto eternizo o meu lamento
Desabo por dentro
Com um sorriso vago
E uma tênue certeza no fim

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Aporta




No alto da torre
À beira de um mar doce
Num porto onde não aporta mais ninguém
Eu sonhei como se a vida fosse

[loucura

Teus cabelos eram o próprio vento
À margem do medo
Olhos de ver ao longe
Boca de morrer tão cedo

[querendo saber de mim

Teus princípios queriam ver o fim
Pediram-me um beijo
Depois o silêncio
Então acordei

Foi assim

foto: Raul Garré


Foi tão difícil
Viajar por entres as nuvens de artifício
Encontrar o teu perfume
O meu vício
Agora é te querer para saciar algo em mim

Foi tão breve
Dividir o que ninguém se atreve
E ver a minha alma se perdendo por aí
Tão leve
Fez-me tão feliz que nem sei

Foi tão bonito
Duvidar daquilo que acredito
Sussurrando ao pé do teu ouvido
Até o infinito
Que o meu viver agora depende do teu

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O vento da chuva




O vento da chuva
A chuva que tarda
Enchendo meus olhos d’água
Enquanto tento compreender aos poucos
Esse meu papel

O cheiro da terra
A terra que espera
O beijo se ensaia sob a marquise  
Nas entranhas desse arranha-céu
Um vendaval de histórias tristes

Os raios cortam o horizonte
O horizonte fez do dia, noite
Nuvens negras entrando em cena
Os sentidos a espreita
E uma dúvida pequena

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Quarto escuro




O que dizer dessa dor
Que permeia os sentidos mais voláteis
Esse quarto escuro
Quase sem passagem
Para o mundo
Que vive além de nós dois

O que dizer desse veneno
Absorvido ante a solidão extrema
Esse martírio copioso
Que enche de insignificância
O futuro e sua sombra
Subtraída do passado urgente

O que dizer de mim
Quando a ti não resta dizer mais nada

In verdades



Teu mundo de mentiras
Atravessou a minha vida
Trazendo algumas verdades à tona
Deixando exposto o meu coração

Caras e bocas sob a máscara que não termina
Doses homeopáticas de morfina
Enquanto espero pelo telefone

Teu mundo dissimulado
Submundo do que é presente
Finge que não sente
Quando me tens ao lado

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Infortúnio




O silêncio de novo
Ouço luzes e vultos sangrentos
Os mesmos operários do medo
Que assolam o meu quarto de estar

O infortúnio trouxe o desalento
Paredes vestidas de luto na esquina
Fotografias marcadas e cartas rasgadas
Jogadas no lixo
Pela janela do quarto andar

[ilusão

O fim como começo
O mundo inteiro do avesso
Girando sem parar

Poesia no Bar - Jaguarão

foto: Jorge Passos

Corre o rio e as palavras
Atravessando horizontes
Rompendo fronteiras do pensar
Vindos de caminhos distantes
Deixando-se levar pela gravidade
Pela sensibilidade inerente ao instante
Poesia de se aproximar
E se entregar aos poucos
Nas entrelinhas
Nos entremeios
Nos corações desses poetas loucos

Corre o mel e a liberdade

domingo, 11 de dezembro de 2011

O que me cai bem

foto: Raul Garré


Ao ver o brilho
Do teu olhar insano
Falando do profano
Eu calo

Cortinas de ferro aos pedaços
Labirintos
Submundo do que é tudo
Gritos mudos
Sonhos no papel

Ao perceber o movimento
Dos teus olhos lentos
Fazendo conta de si mesmo
Eu falo

Incógnitas certezas
Experiências de outras vidas
Invento verdades
Escondo de mim mesmo
O que me cai bem

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Se

Anry

Teus olhos de céu
De fogo e de mel
Falam por si só

Vermelhos
Em fim de tarde
Fechados
Quando o prazer os invade
Negros
Como a escuridão da rua

[enquanto você nua

Teus olhos me fitam
Excitam
Habitam o meu ser
O que fazer?
Se eu gosto!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Precipício




Depois de tudo
Dessa trama intensa
Teu desejo mudo
Finge que não pensa

Depois do todo
Que nada cansa
Um novo engodo
Numa outra dança

Vamos esquecer as horas
Esqueçamos os vícios
Pois a noite é um precipício
Vestido de esperança

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Mutante




Olhos que mudam de cor
Como o céu que muda pra chuva
E traz o pranto a tona
Essa dor

De quando me encontro distante
Pelas vielas errantes
Que sustentam essa loucura
Chamada amor

[mutante

É saber
Se é que mesmo sei
Que nada é pra sempre
Pois também fui diferente
E mudei

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Intensa




Teu corpo é névoa densa
Bruma da noite intensa
Escorrendo por becos escuros
Querendo sumir do mundo

[sem espelho

Fitando os olhos no aconchego
Sussurrando canções de desapego
Falando pelos cotovelos

[tão bem

Sumo sem querer de mim
E me visto de escuridão sem fim
Visto que sou mesmo um louco
Por ti

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Distante

foto: Raul Garré


Essa distância que não aproxima
Vira a noite
Embriagada de incertezas
Consome os dias
Observando as fotos sobre a mesa
Na sala de estar

[estar e permanecer

Insistir nos mesmos erros
Nos mesmos sonhos em preto e branco
Nas últimas palavras
Embrulhadas com choro e velas
Pois o último encontro
Sem querer nos separou

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Só você




De verso em verso
A cada esquina
Teus olhos de rodear pensamentos
Voltam pra entregar o contentamento
Pra mim

Sorrindo com a tua boca
Falando do nosso tempo
Encontrando motivos óbvios
Obscenos
Pra tirar minha atenção

De hora em hora
Tento remediar essa tentação
Desviar minha atenção
Mas só você...
Só você me vem 

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Ilusão




No alto dessa ilusão
Margeia uma vontade
Quase insana
De dizer que não

Mas resistir
Seria como negar
Um provável desfecho feliz
Nesse motim

Fronteiras além de nós dois
Barreiras intransponíveis
Cobertas de seda
E de fel

Ilusão pra mim
É pensar que algum dia
Quis saber mais sobre ti
Só por saber

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Sem tempo




Tudo o que quero agora
Vendo esse relógio empilhado de horas
É encontrar um pouco de tempo
Pra nós dois.



***


Produção e direção:
Eduardo Martins
Felipe Fontes Delfino

Música:
Encontros e despedidas - Milton Nascimento e Fernando Brant

Intérprete:
Ricardo Herz

Sem saída

foto: Raul Garré


Vislumbro teu corpo
Coberto de malícia
Confuso nas horas
Perdido em mim

As paredes pintadas
Unhas feitas pra me ferir
E tua boca mordida
Num murmúrio sem fim

Miragem de consumo
Sonhos feitos de ti
Ilusão sem saída
Delírio de viver assim

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Insaciável



Enquanto a chama
Do teu fogo ardente
Revirar os lençóis da cama
Nessa trama estridente

[eu vou viver

Dando tempo ao nosso tempo
Fugindo das horas frias
Imerso no teu corpo, eu contemplo
Ante ao desejo por telepatia

[poesia

Essa dança que não cansa
Esse desejo que não sacia

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Sonhos de realidades




Meus sonhos
E suas grandes asas
Sumiram de casa
Inundaram o céu do quintal

[realidade paralela

Consumindo estrelas
Flertando com a lua cheia
Escrevendo um mundo louco
Em noites profundas e intensas

[nenhuma diferença

Enquanto pessoas e cenários
Aos poucos vão trocando de cena
Eu vejo Quintana sorrindo
Enquanto atravessa a rua num poema

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Noite adentro




O cinzeiro cheio
Histórias obscuras como tempero
Sensações da noite
A embriaguês de um pobre bêbado

[uma mesa de bar

Os fins que levam ao meio
Destino traçado no espelho
O mesmo sorriso forçado
Trocado por alguns trocados inteiros

[sem saideira

Atitude derradeira
Mais uma dose
O último cigarro amassado no bolso
Enquanto lá fora a vida segue
Sem nenhum esforço

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Indiferente

foto: Raul Garré

Indiferente

Coração que cala
Sofre
Não consente

Ao ver teus olhos de partir
Sem poder arriscar
Fiquei doente

Inconsequente   

Empalideço
Morro
Apodreço

E você
Nem sente

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Máquina de descrever





Vinheta produzida pela RAD produções em áudio, sobre o poema de Daniel Moreira.
Direção: Roger Dutra Rad
Trilha Sonora: Regis Dutra Nightmare Music.

Reminiscência




De volta ao quarto
Silencioso e farto
De perguntas sem respostas
Encontros e desencontros
E lembranças sem fim

Enquanto um cigarro me consome
Sem dublê, pseudônimo ou codinome
Eu não paro de pensar
Nem um segundo sequer
Em ti

Nada faz esquecer
A sensação desse amanhecer
Ecoa pelas ruas vazias
Reminiscência tardia
Que teima em permanecer em mim

Quem sabe




A cada segundo
Que me prendo
E me pego dentro de planos
Instigando o meu admirar
Por ti

[eu sou livre

Revirando motivos óbvios
Intuitivos e plenos
Cantando por aí noutra língua
Sonhando com essa pele morena
Que fascina

[mirando o futuro do outro lado da rua

Em cada linha
Cada palavra sozinha
Cumpre o seu papel
Atravessando essas fronteiras do pensar
Dias e noites a esperar

[quem sabe, por um sorriso teu

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Efêmero

foto: Raul Garré


O presente apresenta o efêmero
Breve
Refém do instante
Num piscar de olhos
Passa

Procura o passado
Memória recente
Lembrança distante
Destorcido ante si mesmo
Permanece 

E voa
De volta ao futuro
Sonhos em cima do muro
Muitos planos
À espera do efêmero

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Sincronia




Espaço tempo
Um quarto fechado ao relento
Canibalismo do desejo
Carnal
Depois do beijo

Difícil pensar
Desviar
Correntes além do que vejo
Fusão de um mesmo sentimento
Até o gozo final
E pleno

domingo, 13 de novembro de 2011

Novos caminhos




Não deixe que o tédio
Seja o remédio mórbido
Pras dores que te afligem
No dia a dia

Não espere até que a rotina
Precise de morfina para aliviar
Esse momento febril
De inércia e falta de ousadia

Vire essa página desgastada
Ande sem pressa de pensar em nada
Por novos caminhos e descubra
Por onde anda a sua poesia

De novo, amor

foto: Raul Garré


Quando tu vens...
Como o vento que dobra a esquina
Jamais previsível
Suave com o teu encanto
Sorriso fácil  
Nesse teu corpo de menina
Não há como fugir

Quando o tempo para
E as paredes ardendo em chamas
Inflamam o quarto e os lençóis da cama
Não há como esquecer
Nem como não se entregar
Por isso deixo a vida me levar contigo
Por aí

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Faz pouco




Faz pouco
Que aquele olhar intenso
Despediu-se de mim
Com um simples aceno
Como que dizendo:
Ainda volto a tempo

Sem promessas
Nem juramentos
Tampouco certezas ou contentamentos
Partiu num vôo solitário e lento
Sem saber se o voltar
Poderia trazer o bem a todos

Os dias se foram
E as noites permanecem me consumindo
Enquanto finjo estar vivo
E morto