quinta-feira, 26 de novembro de 2015

enraizando

ouço pássaros noturnos
colorindo o que anda escuro
dentro da minha cabeça 
ouço o vento em correnteza
desaguando em aquedutos
que afloram no meu corpo
ouço a força da lagoa
musicando qual se fosse
orquestrada pela chuva
ouço enfim outro silêncio
à margem de um novo centro
no fundo de alguma coisa

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

de muda

não ouço mais
os meus passos
a descer pelas escadas
não quero mais o fardo
de viver sem estar por fora
eu quero ouvir a primavera
debruçado em noite e aurora

não quero apenas
um pedaço deste céu
ou cair feito um papel
do quarto andar de um edifício
eu quero mesmo é espraiar
sem ter mais pressa, respirar
poder andar sem compromisso

terça-feira, 3 de novembro de 2015

até breve

levaste contigo
o meu amor de menino
aquele brilho no olho
de quem espera alguém chegar


deixaste comigo
a explosão dos sentidos
e a extensão dos segundos 
que estilhaçam os meus vidros


levaste contigo
música dos meus ouvidos
o meu sonho e o meu signo
que me entregam e me intrigam


deixaste comigo
uma saudade que virou poema