a vida é um sopro
a paixão é um suspiro
o amor é um esboço
a tesão é um gemido
a alegria é um gozo
a ilusão é um respiro
a solidão é um poço
a saudade é um vampiro
sexta-feira, 15 de dezembro de 2017
quarta-feira, 13 de dezembro de 2017
por muito pouco
eu vi a morte
da janela do meu pai
e um calor
de esquentar os ossos
veio me trazer lembranças
e aliviar o tormento
nesse buraco fundo e vazio
em que eu me encontrei
eu vi a morte
da janela do meu pai
e um mormaço
me apertou os olhos
e fechou a garganta
até soprar um vento
e me dizer que tudo
tudo terminaria bem
eu vi a morte
da janela do meu pai
mas ela foi embora
por muito pouco
pouco mesmo...
da janela do meu pai
e um calor
de esquentar os ossos
veio me trazer lembranças
e aliviar o tormento
nesse buraco fundo e vazio
em que eu me encontrei
eu vi a morte
da janela do meu pai
e um mormaço
me apertou os olhos
e fechou a garganta
até soprar um vento
e me dizer que tudo
tudo terminaria bem
eu vi a morte
da janela do meu pai
mas ela foi embora
por muito pouco
pouco mesmo...
terça-feira, 14 de novembro de 2017
cem graus
dizer que o amor se transforma
é uma bela desculpa
pra não dizer que desgasta
e não mais sufoca
amar é ponto de ebulição
é uma bela desculpa
pra não dizer que desgasta
e não mais sufoca
amar é ponto de ebulição
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
carcará
sobrevoa os meus sonhos
feito ave de rapina
vez em quando se aproxima
e morde a carne que foi sua
feito ave de rapina
vez em quando se aproxima
e morde a carne que foi sua
sexta-feira, 29 de setembro de 2017
quinta-feira, 14 de setembro de 2017
pranto
chora o céu de setembro
pelos trabalhadores desempregados
pelo massacre dos porongos
há tanto tempo comemorado
pelos índios exterminados
por atrapalhar o agronegócio
por todo o lixo depositado
embaixo dos tapetes de luxo
chora o céu de setembro
pelos moradores de rua
pelo poeta abandonado
que morreu nos braços da chuva
pela devastação da amazônia
pela censura à manifestação artística
pela fome que voltará ao subúrbio
por todo ódio que interrompe a vida
chora, oh céu de setembro
pelos trabalhadores desempregados
pelo massacre dos porongos
há tanto tempo comemorado
pelos índios exterminados
por atrapalhar o agronegócio
por todo o lixo depositado
embaixo dos tapetes de luxo
chora o céu de setembro
pelos moradores de rua
pelo poeta abandonado
que morreu nos braços da chuva
pela devastação da amazônia
pela censura à manifestação artística
pela fome que voltará ao subúrbio
por todo ódio que interrompe a vida
chora, oh céu de setembro
terça-feira, 12 de setembro de 2017
doses homeopáticas
eu vi um bicho
saindo do lixo
ler Manuel Bandeira
e conheci um sonhador
que utilizava a própria dor
pra tecer poemas
eu ouvi um caboclo
com fama de louco
dizer genialidades
e ajudei um poeta
a sair da gaveta
pra posteridade
saindo do lixo
ler Manuel Bandeira
e conheci um sonhador
que utilizava a própria dor
pra tecer poemas
eu ouvi um caboclo
com fama de louco
dizer genialidades
e ajudei um poeta
a sair da gaveta
pra posteridade
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sexta-feira, 8 de setembro de 2017
além da curva do vento
um passo
além da curva do vento
nostalgia
sentimento
que transborda nesse adeus
sentirão os meus filhos
mais do que eu
levarão relatos
recortes
retratos
de uma natureza farta
que canta e brota
e sem querer
aperta os nossos corações
um passo
além da curva do vento
e o mundo não será
mais o mesmo
e nem mesmo nós seremos
graças ao tempo
além da curva do vento
nostalgia
sentimento
que transborda nesse adeus
sentirão os meus filhos
mais do que eu
levarão relatos
recortes
retratos
de uma natureza farta
que canta e brota
e sem querer
aperta os nossos corações
um passo
além da curva do vento
e o mundo não será
mais o mesmo
e nem mesmo nós seremos
graças ao tempo
quarta-feira, 23 de agosto de 2017
segunda-feira, 17 de julho de 2017
o frio
o frio que corta a carne
e expõe as vísceras
é o mesmo de quando tu te vais
e não me dá notícias
segunda-feira, 10 de julho de 2017
leitor analógico
incrédulo
relapso
mergulhou num rio vasto
e o acaso
encheu sua boca de peixes
dos seus olhos
saíram feixes de luz
e o coração
quase não coube no peito
relapso
mergulhou num rio vasto
e o acaso
encheu sua boca de peixes
dos seus olhos
saíram feixes de luz
e o coração
quase não coube no peito
quarta-feira, 5 de julho de 2017
jazz
dirtorço-me pra ouvir teu jazz
e sentir tua voz
fechar a minha garganta
(refaço-me)
como quem repete um mantra
interrompendo toda e qualquer conexão
só pra sintonizar
na tua onda
e sentir tua voz
fechar a minha garganta
(refaço-me)
como quem repete um mantra
interrompendo toda e qualquer conexão
só pra sintonizar
na tua onda
segunda-feira, 12 de junho de 2017
segunda-feira, 5 de junho de 2017
charqueadoces
não se pode comer asfalto
beber água do são gonçalo
ou tomar banho no laranjal
não se pode subir ao palco do teatro
pegar o ônibus sem ser assaltado
ou acampar no camping municipal
não se pode comparecer aos atos
e ter os direitos assegurados
sem que te cortem o ponto
por insubordinação
"seja doce com pelotas"
com seus governantes, não
quarta-feira, 31 de maio de 2017
vácuo
prendeu o fôlego
para não prender o tato
para absorver o impacto
do projétil
que atravessou seu peito
no lado direito
onde definitivamente
não há coraçãoquinta-feira, 25 de maio de 2017
microclima
previsão de chuva
no céu da boca
a umidade no jardim
de suas coxas
atingiu o pico
de duas montanhas
arrepiando a vegetação
da mata tântrica
revirando a cama
para a semeaduraquarta-feira, 17 de maio de 2017
malogrado
um poema rasga o céu
rompe a barreira do som
cai no mar depois da explosão
e vira comida de peixe
rompe a barreira do som
cai no mar depois da explosão
e vira comida de peixe
quarta-feira, 29 de março de 2017
segunda-feira, 27 de março de 2017
um sopro
respire
imunize-se
alimente-se
hidrate-se
conecte-se
eduque-se
socialize-se
intoxique-se
manifeste-se
relacione-se
embriague-se
consuma-se
remedie-se
expire
imunize-se
alimente-se
hidrate-se
conecte-se
eduque-se
socialize-se
intoxique-se
manifeste-se
relacione-se
embriague-se
consuma-se
remedie-se
expire
sexta-feira, 17 de março de 2017
mundo moinho
molestam mulheres
massacram mendigos
margeiam melindres
malevos medíocres
mascaram mesmices
martelam mentiras
mapeiam mesquitas
menstruam morteiros
manipulam milícias
mastigam mercados
menosprezam multidões
matadores multimilionários
midiotizam a massa
monopolizam os meios
marginalizam os mitos
mercantilizam o medoquarta-feira, 15 de fevereiro de 2017
vulto
meu nome é vulto
ando sem ser percebido
escrevo em paredes
apedrejo vidraças
emito sinais de fumaça aos vivos
arrasto correntes
bato de frente com rótulos
e poderosos que arrotam mentiras
do alto de seus cascos edificados
com mão de obra escravizada
na imensa roda da vida
meu nome é vulto
vulgo cidadão que paga imposto
a contragosto
onde todo mês é de cachorro louco
e o todo que me é furtado
me deixa assim pelas beiras
em trincheiras que eu mesmo cavo
rodeado de amigos
que nunca deram um tiro
mesmo estando com a arma
e o coração na mãoterça-feira, 31 de janeiro de 2017
vai e vem
um rio de lâminas
corre agora nas tuas entranhas
nuvens de estanho
sobrevoam o teu entorno
estranho...
ainda há pouco
conversávamos sobre a alegria
que te fez levitarsegunda-feira, 30 de janeiro de 2017
queda livre
quando a saudade
alcançar o maior pico
e o coração souber
que não é passageiro
a gravidade incidirá
sobre o empírico
e o que era plano
voltará a ser abismo
alcançar o maior pico
e o coração souber
que não é passageiro
a gravidade incidirá
sobre o empírico
e o que era plano
voltará a ser abismo
sexta-feira, 27 de janeiro de 2017
contradições
ele usa penas
de urubu no carnaval
compartilha fotos
de filhotes pra adoção
ele faz ioga
produz livro artesanal
destila veneno
num perfil que inventou
ele acredita
em presente de natal
diz sentir inveja
do vizinho que morreu
ele põe moedas
sob um buda do nepal
e escreve poemas
pra um amor que o deixou
de urubu no carnaval
compartilha fotos
de filhotes pra adoção
ele faz ioga
produz livro artesanal
destila veneno
num perfil que inventou
ele acredita
em presente de natal
diz sentir inveja
do vizinho que morreu
ele põe moedas
sob um buda do nepal
e escreve poemas
pra um amor que o deixou
quarta-feira, 18 de janeiro de 2017
inspiração
no lado de cá
no fundo de um buraco
com vista pro céu
ouço o som das asas de um beija-flor
que ainda acredita em voar
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