quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Tempo eu

foto: daniel moreira
Incansável, doou-me a ti,
Esse pedaço incontrolável de mim.
Por inteiro, por mim mesmo,
Por algum motivo que ainda não sei.

Os sonhos, os medos, as cismas,
As esquinas em que me encontro.
Os guarda-chuvas que me seguem,
Os olhares que desviam do meu.

Um pouco da tarde,
O começo do meio,
Um abraço apertado no fim.

Um pouco de tudo te espera.

O tempo agora sou eu!

domingo, 17 de outubro de 2010

Inverdades Capitais

A solidão dos minutos se arrasta,
No fundo falso da paciência remota.
Onde mora minha certeza pálida,
Fétida ilusão de ter e não ser.

Eu sou o que o espelho dita,
Meu guia é um relógio falsificado,
Que fica pendurado na parede do quarto,
Junto dos meus diplomas e certificados de coisa nenhuma.

A hipocrisia, a anestesia de uma geração,
Que se encaixota em padrões pré-fabricados.
E se esconde atrás de rótulos,
Usando indiscriminadamente máscaras de pau.

Eu tenho amnésia crônica,
Vivo vendado pelo capitalismo ditador.
A TV é o pendulo da hipnose de massa,
Que amassa qualquer esperança de um futuro melhor.

sábado, 9 de outubro de 2010

A vagar


Saí por aí a vagar sem rumo,
Icei a vela e deixei o vento me levar.
Depois de tudo, depois que tudo aconteceu,
Fiquei sem chão, perdi o norte.
 
Busco explicações onde sei que não vou encontrar,
Não encontro ninguém que eu gostaria
Para desabafar...
Falar um pouco da dor que me consome.
 
E sigo a vagar, devagar,
Sem pressa, sem sonho nenhum.
Pelas ruas e avenidas,
Sem luz, sem cor, sem graça nenhuma.
 

Do livro "Poemas Urbanos", Editora Alcance, pág. 19

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Sincronismo

Suave é o brindar dos corpos,
Numa dança lenta,
De fogo vivo que queima,
De alma leve a passear.

Elegante esse toque de seda,
Com mãos de deusa, de musa,
Que afagam meu corpo cansado,
Nas noites de insônia em que sonho. 

Delicado é o teu corpo poético,
Essa paisagem em 3D.
Paraíso de perfumes e fragrâncias,
Sincronismo de curvas e tons.

Sutil essa energia, esse encanto,
Silencioso momento febril.
Dessa doença que é amar-te,
E entregar-se sem resistir.