segunda-feira, 14 de novembro de 2016

rua chile

uma televisão vinte polegadas
jogada na calçada
a moto cento e vinte e cinco cilindradas
com tanque de pet de coca-cola
uma imagem do papa em Melo
uma bola número cinco furada
um cachorro viralatas pulguento

o vento trouxe o choro da criança
e a ternura da mãe castelhana
que cantarolava
enquanto lhe dava o peito

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

dois mil e dezesseis

com as mãos amarradas
e a voz diminuída
com o corpo doído
por angústias doentias
ter a paz alvejada
e os direitos na mira
não saber dos horrores
que te esperam na esquina
proliferam os senhores
e os seus parasitas 

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

mergulho

transito 
pela orla do teu íntimo
num ritmo 
que transcende o entendimento
navego 
pelas águas do teu leito
e o meu peito 
não segura o que há por dentro
mergulho 
no fundo de um plano lúdico
impudico 
não prendo a respiração
e então 
eu me afogo no teu gozo
e morro 
em alguma margem do teu corpo