segunda-feira, 28 de abril de 2014

vai e vem

vai
olhe as estrelas
porque não vê-las
foi um sinal
vem
senta na cama
não faz tanto drama
escute o que eu tenho a dizer
vai
despe o teu corpo
vê se relaxa um pouco
esqueça o final  
vem
fica comigo
não importa o perigo
vamos reconfigurar o sofrer

segunda-feira, 21 de abril de 2014

quase nada

e de repente
ele olha para trás
e não vê quase nada
quase tudo agora pertence
a sua memória programada
pois incluímos certas preferências
ao conjunto de lembranças
que giram dentro da cabeça
e é provável que ele até esqueça
o quanto sofreu por ela.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

a roda

a moral do trote universitário
é que todo calouro e/ou aspirante
a um lugar no mercado de trabalho
deve ser humilhado
até um ponto determinado
adquirindo conhecimento
experiência e poder
para então manter
a roda da imbecilidade social
girando

terça-feira, 8 de abril de 2014

acontece

seus olhos são o céu
do seu corpo vertem estrelas
seu eco é um samba de Noel
é melhor eu esquecê-la
seu silêncio é de matar
seu barulho de ensurdecer
ela é uma fera quando resolve atacar
ninguém espera que isso venha a acontecer
mas acontece

segunda-feira, 7 de abril de 2014

perda

sim
eu aceito
não
não pensei que seria assim
talvez
se tivesse sido diferente lá no início
é
ninguém está preparado pra isso

perder um poema em plena luz do dia
durante a concepção.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

depois de alguns minutos

pensei que seus olhos
me mandariam embora
imaginei que sua boca
me fecharia a porta
pensei que seu corpo
encontraria uma forma
de me despistar

pensei que sua sede
desejaria outros copos
imaginei que sua fome
devoraria outros corpos
pensei que seu desejo
tivesse mesmo mudado
pra ficar

foi um equívoco
eu sei

é que cultivo incertezas
e isso me faz bem.