domingo, 2 de dezembro de 2012

Manuscritos

Manuscrito de 1911 de Carlos Drummond de Andrade.

Aqueles velhos manuscritos
Perdidos no fundo de algum lugar
Confessavam o meu amor pela vida
E por alguém que eu ainda haveria de encontrar
Também falavam de dor e de felicidade
E da incompatibilidade entre o amor e a razão
Diziam que meu coração talvez não resistisse
Tamanha caretice
Das pessoas que me cercavam
E eu ainda julgava como corretas
Dentro desse modelo de sociedade alçapão
Fiquei sensibilizado e mudo
Contudo aquela redescoberta me fez bem
Afinal
Era minha aquela vontade escrita
Nas folhas amareladas pelo tempo urgente
Ainda perdidas
No fundo de algum lugar comum.

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