domingo, 14 de outubro de 2012

O vagão dos palhaços sem graça

Foto: Juliana Charnaud

Não
Eu não sofro mais em vão
O teu silêncio calou o tempo
O relógio sabe o que fazer
Quando, sem querer
Eu fico a pensar

Não
Estar só não é solidão
Esperar por quem não virá
É desperdiçar amor
E cultivar alguma dor por isso
Pode não ser falta de inteligência

Não
Os sentimentos não são uma equação
Na prática é sempre mais difícil
Quando se conhece por inteiro a teoria
Até posso me fazer da poesia
Para fingir um pouco de lucidez

Não
Afastem-me deste vagão
Cheio de palhaços sem graça
Com receitas e fórmulas perfeitas
Para uma vida insossa e feliz
Antes a cólera do que a catequização.

Nenhum comentário:

Postar um comentário